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O Alto custo emocional de uma Obra

Atualizado: 23 de abr. de 2018

Pessoas que se arrependem de contratar um arquiteto, pessoas que se traumatizam na hora de fazer uma obra, pessoas que desistem de reformar ou construir... saiba como evitar esses problemas na hora de executar a sua obra...



Esta pode ser você, amanhã...

A motivação lógica e a emocional


Em toda decisão e opção que fazemos na vida, pesamos sempre dois lados: o lógico e o emocional. O lógico está relacionado aos atributos físicos e características materiais, e o emocional está relacionado aos benefícios que ganharemos em retorno. No universo que existe por trás das nossas decisões, a ordem normal das nossas escolhas é: escolher com o emocional e justificar com a lógica.


Este é o mecanismo por trás de todas as nossas escolhas. Quer um exemplo?

Exemplo 1: Você e um amigo estão combinando de ir jantar em algum lugar. Como vocês pretendem passar um tempo agradável, bater um papo, se distraírem, vocês fazem uma lista dos restaurantes mais agradáveis da cidade para escolherem entre eles. Vocês ficam entre duas opções, um é um restaurante bom e o preço é acessível, o outro é um pouco mais caro mas possuem no cardápio o prato preferido de ambos, você e seu amigo. Vocês pensam: pagar um pouco mais barato e comer uma boa comida, ou pagar um pouco mais e ser mais feliz? A lógica diz para optarem pelo mais barato, obviamente. Mas quando vocês pesam a sensação de bem-estar de se imaginarem degustando os pratos de que mais gostam, muito dificilmente vocês optarão pela primeira opção. Se vocês forem no primeiro, gastarão menos. Mas se forem no segundo, sairão mais satisfeitos. Qual você escolheria?


Exemplo 2: Você e sua família estão pensando em locais para fazerem uma divertida viagem juntos. Como é muito difícil juntar todos em uma só viagem, vocês sabem que esta terá de ser memorável. Como vocês terão muito tempo para se organizarem, vocês pensam: Vamos para a Disney. Ora, a lógica jamais diria para você que faz sentido fazer uma viagem para os Estados Unidos, enquanto o dólar está custando R$3,40, comprando uma passagem de avião cara, ingressos para parques caros... A lógica ia te falar: viaje pelo Brasil, de carro, é mais barato. Mas uma viagem à Disney é o sonho de muitas pessoas, e as pessoas focam na forma como elas vão se sentir na Disney. Para isso, elas farão o possível para que consigam se organizar e pagar pela viagem.


Exemplo 3: Você quer comprar um carro novo, e está a pesquisar os modelos que possuem os atributos que você procura em um carro, mas que não pode ser na cor vermelha, pois você não gosta dessa cor e não se sente bem com ela. Eis que você encontra em uma loja um carro que se encaixa no seu orçamento, e que não só possui todos os atributos que você quer, como possui muitos outros. Ao chegar na loja para conhecer o carro, você desiste. O carro era vermelho.






A Decisão de Fazer uma Obra


Quando alguém toma a decisão de realizar uma obra, seja uma reforma ou nova construção, passamos pelo mesmo mecanismo de escolha entre o lógico e o emocional. O problema é que, enquanto em outros momentos da vida nós obedecemos a ordem natural da escolha, que é o de escolher com o emocional e justificar com a lógica, está mais do que provado que, quando se fala em obra, a grande maioria das pessoas fazem um percurso diferente: escolhem com a lógica e ignoram completamente o emocional. Ou seja: elas escolhem com base no lado financeiro e ignoram todos os benefícios, e a forma como elas irão se sentir no final. Quando elas ignoram a parte emocional do processo, não seguirão outro caminho senão o da frustração, do desespero e o do arrependimento e raiva. Vou explicar porquê.


Aqueles que resistem estão focados nos benefícios

Pessoas que estão focadas nos benefícios resistem com mais facilidade

Uma obra é uma atividade muito desgastante, tanto financeiramente quanto emocionalmente. Entretanto, para quem está seguindo o seu coração, e fazendo as escolhas com base no emocional, nos benefícios, e na forma como elas se sentirão no final, elas conseguem resistir melhor a esse desgaste, pois o seu foco é em um bem maior. Elas só enxergam os benefícios que elas alcançarão:

  • Uma casa mais bonita

  • Uma casa mais confortável

  • Uma casa que atenda às necessidades dela

  • Uma casa em que elas não tenham vergonha de receber as visitas

  • Uma casa onde elas se sintam protegidas

  • Uma casa mais aconchegante

  • Uma casa onde elas se sintam bem

  • Uma casa feita especialmente para elas

  • Uma casa sem problemas e defeitos

  • Uma casa que seja compatível com o estilo e a personalidade delas

  • Uma casa onde elas se sintam à vontade

O mesmo vale para quem for uma empresa e estiver reformando construindo a sua loja, sala, escritório ou consultório. Quem foca nos benefícios consegue até aproveitar e curtir a fase da obra, relevando os problemas, a sujeira, a poeira, a bagunça e o desgaste financeiro.


Aqueles que focam na lógica só enxergam os problemas

Alguém ouvindo a lógica: "Por que eu fui inventar de fazer essa obra?"

A grande maioria das pessoas foca apenas na parte lógica, financeira, da questão, esquecendo-se, muitas vezes, que o que as levou a buscar pelo serviço da obra foi exatamente uma motivação emocional. Enquanto as pessoas que estão motivadas pelos benefícios conseguem relaxar quando tudo está o caos à volta delas, quem escolhe somente ouvindo a lógica não consegue relevar os problemas e os medos, pois o foco delas é nos problemas. Me respondam, quando é que a lógica iria te dizer "Vai lá, faça uma obra, gaste muito dinheiro, passe meses tossindo e respirando poeira, limpando a sujeira, pagando pedreiro, comprando material, resolvendo problemas..."? Pois a lógica está te dizendo o tempo todo "O que é que você está fazendo? Por que você está fazendo isso? Você não deveria pagar por isso! Isto é muito caro! Você não deveria gastar nisso!". O foco delas não é em um resultado, benefício ou em um bem maior, o foco delas é no momento, e o momento é de sofrimento, medos, ansiedade e desgaste:


  • Medo de não conseguir pagar pela obra

  • Medo da obra ficar parada muito tempo e de não conseguir retomar

  • Medo do resultado não ficar bom e ter de refazer (e passar por todo esse processo novamente)

  • Medo de desabamento, incêndio

  • Medo de assalto e da insegurança após a finalização

  • Ansiedade para ver o resultado da obra

  • Ansiedade para finalizar a obra

  • Medo da prefeitura não aprovar o projeto e não poder construir

  • Medo de perder ou de desvalorizar o imóvel

  • Medo dos problemas que possam surgir durante a obra

  • Medo da obra ser inviabilizada por um motivo qualquer

O mais irônico, é que tanto as pessoas do primeiro exemplo quanto estas do segundo exemplo, são levadas por questões emocionais a tomarem a decisão de realizar uma obra: Algo não está bom e está fazendo-as se sentirem mal naquele ambiente ou edificação.


Mas quando você tem uma razão, um motivo saudável, para enfrentar todos esses medos e anseios (que também incomodam as pessoas do primeiro grupo), esses medos se tornam uma pequena parte do todo, onde a obra é somente uma etapa do processo, em que o resultado é uma coisa muito boa. Quando você não tem esse respaldo, esse foco em um bem maior, o processo acaba se tornando o todo, e você não enxerga o resultado, mas o processo.


Os fatores emocionais e financeiros


Esta questão emocional envolve muitos fatores e motivações, dentre elas:

  1. A pessoa não se sente bem em sua casa, e com isso está o tempo todo arrumando coisas para fazer fora de casa...

  2. A pessoa tem vergonha da própria casa, e evita receber visitas...

  3. A pessoa se sente muito incomodada com algum aspecto da casa, uma parede mal pintada, um teto mofado, um revestimento feio, ambiente muito quente ou muito frio, má iluminação, falta de privacidade...

  4. Por mais que a casa esteja em bom estado, a pessoa sente uma necessidade muito grande de mudar os ares da casa...

  5. O programa da casa não atende às novas necessidades dos moradores, os filhos saem de casa, os pais se aposentam e ficam mais em casa, a chegada de um novo membro na família, algum morador que apresenta deficiência...

  6. A empresa quer conquistar um público muito específico...

  7. A empresa quer que o cliente viva uma experiência única quando ele entrar na sede, seguindo a corrente dos "encantadores de clientes", o espaço físico faz muita diferença...

  8. A empresa quer motivar os funcionários, proporcionando um espaço mais agradável e de maior qualidade

Mas há também os fatores financeiros, podemos citar:

  1. A pessoa quer valorizar a casa para vendê-la ou alugá-la por um valor mais alto

  2. A pessoa quer valorizar a casa para evitar que a mesma perca seu valor imobiliário

  3. A empresa quer chamar a atenção de mais clientes para seu espaço físico

  4. O negócio ou a empresa está crescendo e precisa se adequar ao mercado e aos clientes

Enfim, não importa se é finalidade residencial ou comercial, mas as motivações emocionais tem um peso muito maior do que a motivação financeira, pois enquanto as motivações financeiras "podem esperar", as emocionais sempre nos deixam mais angustiados, ansiosos e preocupados, fazendo com que nos apressemos em resolver os problemas com mais rapidez.


O único antídoto: Planejamento


Lembra-se quanto falamos sobre uma viagem em família em um dos exemplos desse texto? Citamos um exemplo onde uma família resolve ir para a Disney, e com isso começam a se planejar para que consigam de fato concretizar a viagem. Este é um passo interessante: o planejamento. Ele também acontece quando as pessoas vão se casar e querem fazer uma festa de casamento, por exemplo.


Agora me respondam: Alguém faz uma viagem internacional, de duas semanas, decidindo em um dia e indo no outro? Sem se planejar, sem reservar hotéis, sem comprar passagens, sem nada? Alguém faz uma festa de casamento do nada, de repente? Sem definir data, sem alugar salão, sem assinar os papéis, sem contratar o buffet, decoração, música, bolo, doces...? É claro que não! O planejamento é a etapa que ocorre entre o desejo e a concretização de uma idéia.


Primeiro passo: Planeje-se!


Parece meio óbvio, mas sem planejamento não há salvação. Todo bom planejamento envolve as seguintes questões abaixo:


Planejamento é a chave para a sua paz de espírito. Se você precisar de ajuda para fazer o seu planejamento, contate a IEZ

  1. Objeto

  2. Justificativas

  3. Expectativas

  4. Viabilidade

  5. Programa de Necessidades

  6. Prazo estimado

  7. Orçamento Estimado

  8. Escopo

  9. Recursos

  10. Tarefas

Vamos valar sobre cada um a seguir:


Objeto

O que é o objeto da obra? É uma reforma? É uma construção nova? Uma ampliação? Retrofit? Interior? Paisagismo? Decida exatamente do que é que você precisa.


Justificativas

O que ou quais motivos te levaram a querer ou precisar dessa obra ou serviço? Liste exatamente todos os motivos, razões ou circunstâncias que o levaram nessa direção (ex: edificação é muito antiga, não me sinto bem na minha casa, minha casa não atende às minhas necessidades, quartos são muito quentes etc). Liste, se puder, todos os medos e anseios que te afligem com relação à obra.


Expectativas

O que você espera da sua casa ou novo negócio? Você quer uma casa nova? Uma loja que passe a essência da sua marca?


Viabilidade

Será que o que você quer fazer é o que dá para fazer? Será que é possível? Exequível? Será que a norma permite? Será que a estrutura vai aguentar? Será que é isso mesmo o que você precisa? Não haveria outra possibilidade ou solução? Será que esse imóvel é o mais indicado para isso? Para saber qual a viabilidade da sua obra, você precisará de um Estudo de Viabilidade desenvolvido por um arquiteto e urbanista (somente este profissional pode desenvolver e assinar Estudos de Viabilidade).


Esse profissional irá levantar o Objeto, as Justificativas e Expectativas, irá fazer um Levantamento Cadastral, onde ele anotará todos os dados referentes ao terreno ou edificação existente, localização, entorno, condicionantes físicos (orientação solar, posição da edificação no lote ou na cidade, direção dos ventos, influência de algum edifício ou agentes externos como odores, barulhos etc), os condicionantes normativos (análise de todas as normas que se aplicam ao terreno ou edificação, normas da prefeitura ou administração, condominiais, normas federais, normas especiais, normas trabalhistas, códigos de edificações, acessibilidade, desempenho, segurança etc), levantamento fotográfico (são feitas imagens pra registro do local), pode ser que seja necessário um laudo técnico estrutural, ele desenvolverá o programa de necessidades, fará uma estimativa de orçamento e de prazo, e atestará sobre a viabilidade ou não do empreendimento.


Programa de Necessidades

Documento providenciado pelo Arquiteto e Urbanista, onde serão listados todos os ambientes ou espaços necessários a serem construídos ou considerados na edificação (seja construção nova, reforma ou ampliação), com a área e dimensões de cada ambiente, observações com relação às características físicas e aspectos humanos do espaço.


Prazo Estimado

O prazo normalmente é determinado pelo Arquiteto e Urbanista no Estudo de Viabilidade. Mas você também poderá indicar um período de tempo que você pretende separar da sua vida para passar com a obra. Lembrando que também deverá ser considerado o prazo para o desenvolvimento do projeto arquitetônico executivo, projetos complementares e aprovação do projeto nos órgãos competentes. A importância do prazo, e a sua finalidade, é que com ele você consegue se programar para a realização de todos esses serviços, evitando assim as crises de ansiedade. Você pode se preparar, por exemplo, para alugar um imóvel durante o período em que o seu imóvel atual estiver em reforma. Você pode também planejar uma viagem longa ou as férias para o período em que o imóvel estiver em reforma. O quanto antes você se programar, menos aborrecimentos você terá.


Orçamento Estimado

Outra informação que geralmente é fornecida pelo Arquiteto e Urbanista no Estudo de Viabilidade. Você deve sempre se preparar financeiramente para uma obra. É possível que você já disponha de todo o valor necessário para a execução da mesma, mas talvez seja mais seguro que você use somente 50% desse fundo para a obra e faça um financiamento ou empréstimo para os outros 50%, pois dessa forma você não fica desamparado e sem um fundo de emergência.


E cuidado: nada de procurar um arquiteto que faça um orçamento do valor que você quer gastar (ou seja, um arquiteto lhe deu um orçamento de R$200.000 para a sua obra e você achou caro, achando melhor fechar o projeto com um arquiteto que lhe apresentou um orçamento de R$100.000), você precisa de um orçamento idôneo e realista, somente com um orçamento próximo da realidade você poderá se planejar financeiramente para contratar os serviços e produtos necessários para a execução da sua obra.


Escopo

Escopo significa trabalho. Definir o escopo é definir todos os serviços, soluções e produtos que serão necessários para concluir todas as atividades relacionadas à execução da obra. O escopo também é definido pelo Arquiteto e Urbanista ou gestor do projeto.


Recursos

Os recursos são todos os profissionais e áreas envolvidas no processo para que você consiga concluir a execução da sua obra. Os recursos geram os produtos do escopo. Você deve definir quais são esses recursos a partir do escopo, definindo quem será o responsável por cada item do escopo. Os recursos também são definidos pelo arquiteto e urbanista ou gestor do projeto.


Tarefas

Após concluir todas as 9 etapas anteriores, é hora de definir as tarefas do processo do seu planejamento. As tarefas são todas as etapas, passos e atividades que você e a equipe que você vai contratar deverão seguir a partir do momento que você iniciar o processo da sua obra: começando pela contratação do seu arquiteto ou escritório de arquitetura.



Conclusão

Ao decidir realizar uma obra, a pergunta a ser feita não é "O que eu quero na minha casa?", mas sim "Como eu quero me sentir na minha casa?". Foque no resultado, nos benefícios que você vai alcançar no final. Se isto significar pagar um pouco mais em um arquiteto que você gosta mais do trabalho, ou pagar um pouco mais em revestimentos ou soluções do que você estava planejando pagar, se for para você ficar feliz e se sentir bem no final, faça.

Pense em todo o desgaste emocional e financeiro que você já vai enfrentar no processo, o que importa é que, no final, tudo terá valido a pena. Mas, para isso acontecer, você tem que fazer as coisas de um jeito que te deixe feliz. No final, é isso o que importa.


Aproveitem que chegaram até aqui, e baixem o nosso e-book sobre os 10 Erros que as Pessoas Cometem nas Obras.



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