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Como a Arquitetura Molda a sua Identidade e Afeta o seu Cérebro?

Escrito originalmente por Mira Adler-Gillier para a Blueprint for Living. Traduzido livremente.

"Tem alguma coisa por trás desse teto de 50 metros de altura que transforma qualquer pessoa em uma pessoa diferente", disse o arquiteto Louis Kahn quando ele visitou as termas romanas de Caracalla.
As termas de Caracalla e outras ruínas inspiraram o trabalho de Louis Kahn.

Para Kahn, a arquitetura poderia ser transformadora.


Ele instintivamente entendeu o que a psicologia cognitiva e a neurociência vem tentando nos dizer: que o ambiente construído exerce um papel crucial nas nossas experiências, memórias e nossa própria identidade.


Estudos têm demonstrado que os episódios de memória de longo-prazo são processadas na mesma área do cérebro responsável pela navegação espacial e reconhecimento de lugares.


E, de acordo com a crítica de arquitetura Sarah Williams Goldhagen, isto faz sentido:

"Se você pensar nas suas memórias de infância, verá que há sempre o retalho de um lugar. Há aquela piscina em que você cortou o pé, ou o quintal em que você correu atrás do seu cachorro", diz Sarah.

"Acontece que nós simplesmente não conseguimos nos lembrar dessas memórias de long-prazo sem recordarmos do local onde elas ocorreram".

Os espaços e os corpos que habitamos determinam a forma como pensamos.

A consequência, para Sarah Goldhagen, é significante: se a memória autoniográfica determina a nossa identidade, então "os ambientes que habitamos nos transforma em quem somos".


A teoria por trás dela é que conhecida como "cognição materializada". É simples, nós vivemos em corpos e esses corpos habitam espaços, o que significa que a nossa experiência com o ambiente construído é determinada pelo fato de nossa materialização. "O que é significativo sobre a cognição materializada é que não é simplesmente sobre uma categoria de pensamentos, ela realmente descreve todas as formas em que pensamos", diz Sarah.


Por que todo mundo precisa de uma boa Arquitetura?


Estudo vêm repetidamente comprovando que não existe experiência neutra com o espaço construído. Na verdade, o design tem uma influência enorme na sensação de bem-estar de uma pessoa.


Um estudo citado pela Sarah descobriu que um paciente se recuperando de uma cirurgia em um quarto de hospital com uma vista para o exterior se recupera 30% mais rápido do que um paciente com uma vista para uma parede de tijolos.


Luz natural e uma vista para o exterior pode realmente afetar como as pessoas se sentem em um ambiente.

Outra descoberta indicou que o design de uma escola pode aumentar em 25% a taxa de aprendizado dos estudantes.

"Se o ambiente construído não atende você, então as chances é de que ele provavelmente está te causando danos", diz Sarah.

Pode parecer que os arquitetos poderiam intuitivamente entender a importância de elementos como a luz natural, pé-direito (altura até o teto) altos, superfícies diferenciadas. Então, porque os espaços onde muitos de nós vivemos hoje em dia não incorporam esses atributos?


Goldhagen argumenta que é parte por conta da ideologia de que há uma separação entre a necessidade econômica e a necessidade pública. A outra parte do problema, diz ela, vem da própria disciplina da arquitetura. "A arquitetura evoluiu para se tornar uma prática elitizada que só pode ser adquirida por clientes da elite em locais muito raros", diz ela.


"Isto é um paradigma muito errado sobre como nós precisamos compreender o design. Todo mundo precisa de melhores paisagens, horizontes, cidades, edifícios de todos os tipos, em todos os lugares"


Enxergar o ambiente construído como uma entidade contínua


Sarah diz que os arquitetos precisam aprender a explicar melhor o porque da importância do Design.


Pé-direito alto e luz natural eram os elementos principais da arquitetura de Louis Kahn

"Se as pessoas começassem a entender que o ambiente da escola para onde elas enviam o filho de seis anos de idade delas tem um impacto profundo na forma de como ela aprenderá, elas começarão a exigir ambientes melhores", diz Sarah.

Ela argumenta que o bom design também faz sentido economicamente falando.

"Funcionários em uma empresa tem sua produtividade aumentada em 25% caso eles tenham acesso a luz natural durante o dia, este é um argumento", diz ela.

Sarah acredita que a sociedade também precisa mudar a forma como eles enxergam o ambiente construído, assim como a revolução ambiental dos anos 60 e 70 produziram uma importante restruturação conceitual do mundo natural.

"Nós costumávamos pensar que a natureza era simplesmente a natureza, os rios, as árvores e as florestas como elementos desagregados".

"E então, por causa da poluição e de muitas outras coisas, nós começamos a perceber que tudo é contúnio, tudo é interligado em uma coisa chamada meio-ambiente"


Ao invés de pensar em edifícios, praças, ruas e infraestrutura como elementos distintos, Sarah quer que nós as enxerguemos como um todo.

"O ambiente construído é uma entidade contínua, interrelacionada e integrada", diz ela, "O que nós vemos do lado de fora do edifício, através da janela, é tão importante quanto o que vemos do lad de dentro, e tem um profundo impacto em nós, tanto quanto a natureza tem",


Fonte: http://www.abc.net.au/news/2017-11-07/how-architecture-shapes-your-identity-and-your-brain/9107586

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