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Foto do escritorPriscila Bonifácio

Pode a Arquitetura Ajudar a Reduzir nossa Solidão?

Atualizado: 24 de mai. de 2019


Foto: Japan Times

A arquitetura está sempre mudando para se adequar à nova consciência coletiva, à nova cultura e aos nossos novos hábitos. Estamos cada vez mais investindo em conforto para nossas residências, investimos em tecnologias de automação residencial para tornar nossas vidas mais práticas e modernas, estamos cada vez mais ligados nas tendências mundiais de design, na cor do ano da pantone e até o fengshui estamos praticando mais. Mas, será o bastante? Será o suficiente? Por que, mesmo com casas cada vez mais confortáveis, modernas e bonitas, estamos nos sentindo tão sozinhos?


Resolvi escrever este artigo após ter notado um fato interessante. Em nossa metodologia de trabalho na IEZ Design, parte do processo o cliente tem que fazer uma atividade em casa, de forma muito íntima, onde ele tenta entrar em contato com sua a essência. Ao final dessa atividade, ele deve descrever um sentimento que o assombra, o que é algo natural, todos nós seres humanos temos um sentimento, um medo irracional, algo que nos causa angústica e ansiedade, algo que parece pequeno e insignificante, como um caquinho de vidro no pé, mas que está sempre ali, incomodando. E esse sentimento que todos os clientes citam, sem exceção, por mais diferentes que sejam suas personalidades é este: o medo de se sentir sozinho.


Ao notar esse fato, nos lembramos de todos os artigos científicos que já lemos falando sobre a arquitetura cognitiva, a neurosciência e a psicologia aplicada à arquitetura, e como a arquitetura exerce tamanha influência em nossos cérebros, nossas emoções, nosso comportamento. E pensamos: por que não? Por que não investigar a solidão e a arquitetura? Será que a arquitetura também pode fazer algo sobre isso?


As Possíveis Causas


A solidão não é novidade. Assim como a depressão e a ansidedade, a solidão é outro mal dos tempos modernos que vem crescendo a anos, mas ainda é pouco comentado se comparado aos outros dois. Mas, o que será que causa a solidão? Dividimos o mundo com mais de sete bilhões de pessoas, vivemos em edifícios de trinta andares, trabalhamos em sessões com outras cinquenta pessoas. Andamos pelas ruas e podemos ver centenas de pessoas, andando para lá e para cá, a pé, de carro, de bicicleta, de metrô, de ônibus. Isto sem contar a interação digital que realizamos através dos nossos smartphones, computadores. Como podemos nos sentir sozinhos?


"Seres humanos são animais híbridos",

disse Michael Hoffman em seu artigo na revista Japan Times, "Diferente de animais naturalmente solitários, como ursos, toupeiras, preguiças e doninhas, nós temos baixa tolerância à nossa própria companhia. Mas nós também não somos como os animais que vivem em colméias, nós temos algo em nós que chamamos de 'si próprio', que precisa ser alimentado [...] Uma coisa é o nosso lado solitário. Outra coisa é a nossa necessidade de amor e amizade. Uma predomina em alguns, e a outra em outros. Alimentar um desses lados sem prevaricar o outro pode ser muito difícil. E isto sempre foi e sempre será uma verdade. Mas a grande verdade atual é que a quantidade dos 'contatos' que temos hoje é tão alta quanto a intensidade da nossa solidão".


Muito se engana quem pensa que essa solidão é algo que atinge mais as pessoas mais velhas. Em um experimento realizado pela BBC o grupo dominante dos que se sentem mais solitários estão na primeira faixa etária, dos 16 a 24 anos, seguidos pelas outras faixas etárias, conforme ilustra o gráfico abaixo.


Desconexão Crônica


Este foi o nome dado por Amy Banks, psiquiatra e especialista em estudos sobre a solidão, para a solidão patológica que toma como uma epidemia o mundo atual, onde ela explica em uma entrevista para a revista Vice:


"Deixa-me começar com uma descrição de uma conexão saudável, pois assim você irá entender: O primeiro sentimento é o entusiasmo: aquela energia, o brilho nos seus olhos quando você está em uma boa conversa com alguém ou com um amigo. Em segundo, você vê uma maior clareza a si mesmo, o outro e a relação. Em terceiro é o sentimento de auto-valorização. Você se sente melhor consigo mesmo. Você acredita que aquela pessoa se importa com você e que era irá lhe ouvir. E, finalmente, isto alimenta o desejo de mais conexão saudável.


Quando as pessoas estão cronicamente desconectadas, ou quando estão em uma relação que tem uma desconexão crônica, você geralmente vê o oposto. As pessoas não tem energia, existe quase uma paralisia. E elas começam a ficar confusas sobre o que é o problema de fato, 'é comigo ou com você?'. Então a clareza não existe, e você vai se sentindo cada vez pior com você mesmo. Você se sente como 'Eu tenho que me proteger, eu sinto que eu preciso me isolar'. Todas as coisas boas de uma relação simplesmente não acontecem em uma relação boa".


Que a causa dessa sensação de solidão é a vida moderna nós já sabemos. Mas quais aspectos exatamente? Por sermos animais sociáveis, acredito, como arquiteta, que nós temos uma necessidade latente de compartilhar coisas. Em seu livro, "Uma breve história da humanidade", Yuval Noah Harari conta como os nossos ancestrais se tornaram mestres em armazenar e compartilhar informações. Teorias evolucionistas modernas revelam que o homo sapiens pode ter evoluído através da fofoca (que é simplesmente uma forma de compartilhar informações). Nossos ancestrais usavam a 'fofoca' para contar sobre um lugar muito bom para se caçar, sobre um lugar perigoso, sobre alguma planta venenosa etc. Nós temos uma necessidade enorme de compartilhar, sejam elas idéias, histórias, opiniões, coisas que gostamos, momentos ou afeto.


Aquela piada do Náufrago...


Foto: Náufrago, o filme

Uma piada que ouvi em uma das palestras de Charles Watson fala de um homem que se viu totalmente solitário em uma ilha deserta após o navio transatlântico em que ele estava a viajar ter naufragado. Alguns dias após o ocorrido, chega à praia, quase morta de tanto nadar, a Sharon Stone (a piada é deveras antiga, podes substituir a Sharon por outra atriz da moda). O náufrago ficou doido. Só ele e a linda Sharon, sozinhos na ilha. Ele passou semanas investindo em cortejos, mas a atriz só lhe rejeitava. Entretanto, após perceber que nunca mais sairia da ilha, e que não havia outra maneira senão a de tentar se relacionar bem com o homem, Sharon cedeu. Foram nove e meia semanas de amor. Se apaixonaram, e faziam amor loucamente. Um belo dia, o homem andava muito, muito triste, e a Sharon, apaixonada, queria fazer alguma coisa para alegrar seu amado. Foi quando ele disse que tinha uma 'fantasia', mas que não sabia se ela aceitaria realizá-la.


_Faço tudo por você, meu amor! Conte-me! Que fantasia é essa? - E o homem, sem dizer nada, abriu uma das inúmeras malas que sobrou do naufrágio, pegou umas roupas de homem (camisa social, terno, calça e gravata) e pediu-a para vesti-las.


_Vamos dando a volta pela ilha, e nos encontraremos do outro lado. Quando você me vir, finja que é um amigo que há muito não me vê! - disse ele, passando as instruções. Dito e feito. Andaram, cada um por um lado da ilha, até se encontrarem do outro lado.


_Olá, amigo! - disse a Sharon - Há quanto tempo! Me conta, como está a sua vida? O que tem feito? Tem viajado? - Eis que o náufrago respondeu:


_Estou muito bem, obrigado! Mas antes, preciso de contar uma coisa, você não sabe quem estou 'comendo'!


A piada pode ser um pouco machista (afinal, é uma piada deveras antiga!), mas eu acho-a divertida, e acredito que ilustra muito essa nossa necessidade que temos de compartilhar. E também não precisamos ir tão longe, basta olharmos para as telas dos nossos celulares, o que mais vemos são pessoas compartilhando: compartilham suas idéias, viagens, momentos do seu dia, refeições, pensamentos, notícias. É fato: nós precisamos compartilhar. Mas, mesmo com todo esse compartilhamento via internet, por que a solidão ainda nos assola?


De acordo com Amy Banks, porque colocamos outras coisas como mais importantes à frente da interação social. O trabalho, por exemplo.


"Esta separação (entre trabalho e relacionamentos) e individualização nos cega - nós entramos nesse modo (workaholic) e nos esquecemos que, todos os dias, todo o tempo, nós estamos interagindo com pessoas. Relacionamentos no trabalho podem ser recompensadoras. Manter contato por e-mail com o seu melhor amigo da infância, que você pode fazer uma vez na semana, pode ser reconfortante. Ter alguém para lhe perguntar ao chegar em casa como foi o seu dia, ao invés de ficar naquele cubículo do isolamento... Eu penso que tantas pessoas vivem dessa forma, e é simplesmente um estilo de vida.


E há uma enorme geração de homens que parece que acordaram aos 60 anos, perto de se aposentarem, que só agora perceberam que passaram todos os anos de suas vidas trabalhando e eles estão como 'E as relações?'.


O sistema de recompensa de dopamina dessas pessoas foi prejudicado. Nosso sistema de recompensa, que é o mesmo caminho relacionado a qualquer vício conhecido pelos homens - drogas, trabalho, pornografia - esse sistema é, primeiramente, conectado às coisas que são saudáveis para nós, incluindo a alimentação humana. O afago da mãe, o aleitamento, beber água, comer comidas suadáveis - tudo isso estimula o nosso sistema de recompensa de dopamina.


Então uma das coisas que acontece quando você vive em uma sociedade hiper-individualizada é que você começa a tirar os relacionamentos da lista de coisas que estimulam a dopamina. E então, as pessoas querem a dopamina de volta, mas substituem ela com outra coisa que seja feita repetidamente. Eu acho que o trabalho faz esse papel para muitas pessoas.


As relações são o núcleo da nossa saúde e bem-estar, não o isolamento. Não a individualização. Tudo o que acontece vem das nossas relações, e não do isolamento - nós temos um modelo desde que nascemos de que a socialização irá nos levar a níveis mais altos de independência. E essa premissa acaba indo para o caminho errado."


Como lidar com a solidão?


Uma lista feita por especialistas ajuda pessoas a lidarem com esse sentimento.


1. Entenda e reconheça a sua solidão

Por ser um tabu, falar sobre a própria solidão gera uma certa vergonha para muitas pessoas. Mas, o quanto antes a pessoa perceber, mais rápido ela conseguirá entender de onde vem esse sentimento. Da mesma forma que pode ser algo passageiro (mudanças e alterações na nossa rotina ou realidade podem causar esse sentimento), também pode ser algo crônico. Não sinta vergonha, milhares de pessoas no mundo inteiro sentem-se sozinhas.


2. Não tenha medo de 'conversa fiada'

Para se conectar com outras pessoas, comece pequeno. A conversa fiada de cada dia ajuda a construir confiança entre as pessoas, e pode ajudar a evoluir para uma comunicação mais aprofundada e relações mais significativas com as pessoas.


3. Não tenha medo de ser você mesmo

Esqueça o perfeccionismo. São as falhas que nos tornam humanos, e até mais simpáticos, para as outras pessoas. O perfeccionismo é intimidador, mas quando somos nós mesmos, com nossos defeitos e falhas, parecemos mais simpáticos aos olhos dos outros, e até mais atraentes.


4. Procure tratamento caso esteja passando por problemas emocionais

Caso a ansiedade, depressão, síndrome do pânico ou outros problemas estejam te atrapalhando a se conectar com outras pessoas, busque ajuda imediatamente.


5. Construa relações escutando

Para nos conectarmos com as pessoas, precisamos ouví-las. É sobre ouvir o que as pessoas dizem, e como elas dizem. Leve em consideração que, o que o outro está dizendo, é importante para ele, através da escuta podemos fazer o outro a sentir-se mais valorizado.


6. Afaste-se um pouco da tecnologia, pelo seu bem

Sabemos que nada é mais fácil de nos mostrar como a grama do vizinho é sempre mais verde do que as mídias sociais. Além disso, elas substituíram as interações físicas por interações virtuais. Você pode até utilizar as mídias como uma ferramenta para encontrar pessoas que tenham coisas em comum com você, mas jamais usá-las para substituir a interação cara a cara.


7. Encene os momentos de socialização

Pode ser muito assustador enfrentar eventos sociais, mas você pode encenar e simular esses eventos sozinho para tentar lidar com o estresse. E mantenha sempre em mente, assim como você, os outros também não sabem o que estão fazendo. Não evite esses eventos sociais, ao invés de pensar no desconforto, pense na diversão que você terá, nas coisas sobre as quais você poderá conversar com as pessoas.


8. Junte-se a um grupo com um interesse em comum

Clubes e grupos de esportes são ótimos aliados contra a solidão. Muitas pessoas acham mais fácil socializar com pessoas com as quais tenham interesses em comum, por isso, procure um hobby ou aprenda alguma coisa nova. Trabalhos voluntários também ajudam as pessoas a se sentirem mais conectadas.


9. Procure as pessoas na sua comunidade

Manter contato com os vizinhos também ajudam as pessoas a se sentirem menos sozinhas. Pequenas interações já ajudam, dar um bom dia, jogar conversa fora, interagir com as crianças, organizar eventos comunitários.


Mas, e a Arquitetura? Como ela pode ajudar?


Em artigos anteriores, vimos o quanto a arquitetura exerce influência nas nossas vidas. Ela muda o nosso comportamento, pode tornar as pessoas mais soltas e honestas, mais simpáticas, mais propensas a fazer amizade e a sentir empatia, mais criativas, mais concentradas, ou o oposto.


Se a arquitetura tem esse poder, e vimos neste artigo que uma das maiores causas da solidão é o isolamento, muitas vezes provocado porque as pessoas não sabem ou não conseguem interagir entre elas, se as pessoas forem expostas a uma arquitetura que estimula suas interações sociais, então isso significa que ela pode ajudar as pessoas nesse sentido.


Estudos já comprovaram que edifícios com fachadas lisas e envidraçadas nos deixam mais estressados e ansiosos, e que outros aspectos arquitetônicos e urbanos podem colaborar com o aumento da criminalidade, marginalidade, isolamento e índices de suicídio e depressão, além de reduzir a longevidade e aumentar a nossa sensação de estresse. Enquanto outros estudos mostram que arquiteturas complexas funcionam como um relaxante natural, e que alguns aspectos arquitetônicos, como as curvas, podem nos transmitir mais segurança, aconchego e prazer.


Em minha experiência como arquiteta, percebo que, quanto mais próximo da natureza nós tentamos ser, quanto mais tentamos imitá-la, mais prazer e felicidade podemos alcançar com a arquitetura. Quando usamos formas que remetem à natureza, ou quando fazemos uma arquitetura que se conecta com ela, quando usamos as cores presentes na natureza, o nível de agradabilidade arquitetônica é muito maior. Quer maior fonte de inspiração do que ela? Temos inúmeras referências na natureza, que vão desde combinação de cores, a desenhos, padrões, formas, escalas, proporção, direção, iluminação, dimensão etc. Quanto mais nos conectamos com as nossas origens, maior é a nossa sensação de pertencimento, nossa autoconsicência, nossa sensação de conexão com o todo.


Já na escala urbana, criar uma configuração mais aconchegante, mais unificada, de modo que aumente a sensação de comunidade entre as pessoas, ajuda a reduzir a sensação de isolamento e estimula as interações sociais e a empatia.


É muito importante que os governantes e pessoas de grande influência política tomem conhecimento dessa epidemia de solidão, para que possam começar a buscar auxílio dos profissionais de modo a implantar soluções para esse mal. Lembrando que a solidão é a porta de entrada para outros males emocionais e psicológicos, além de representar inúmeros perigos para a saúde.



"A cura para a solidão é, basicamente, voltar para casa e ao nosso modo 'default', nossa essência natural, ao modo para o qual nós somos realmente conectados. Nós não temos que aprender algo novo para lutar contra a solidão. Nós temos que relembrar o que foi esquecido."

O Erro Mais Praticado na Arquitetura


No mundo moderno, desde a invenção da Televisão, temos acesso ao mundo à nossa volta, mais acesso à informação, podemos conhecer uma cultura diferente da nossa, podemos saber o que está na moda, temos acesso à notícias importantes de última hora.

As pessoas buscam no mundo exterior por inspirações de cores, formas, texturas, pesquisam as tendências, assistem programas de decoração, mas no fundo as suas escolhas acabam sendo guiadas por uma influência exterior a elas, quando deveria ser o contrário.

Essa enxurrada de informações tornou o conhecimento muito acessível. Da mesma forma que isso é bom, tem seu lado ruim. Quantos de nós aqui já não procuramos por sintomas de doenças no Google? E até que tipo de tratamento seria mais adequado para determinada doença? Da mesma forma como o acesso à informação fez as pessoas acreditarem que são experts em medicina, também aconteceu com a arquitetura. As informações difundidas em revistas, sites, blogs, facebook, instagram sobre decoração, tendências etc, fez com que as pessoas acreditassem que aquilo que é bom para elas é aquilo que está aparecendo nesses veículos de comunicação e mídia, fazendo-as olhar cada vez mais para fora ao invés de olharem para dentro de si para buscar inspirações, e este é o maior erro que as pessoas cometem ao planejarem seus espaços.


As pessoas buscam no mundo exterior por inspirações de cores, formas, texturas, pesquisam as tendências, assistem programas de decoração, mas no fundo as suas escolhas acabam sendo guiadas por uma influência exterior a elas, quando deveria ser o contrário. Como consequência, ao final da obra, as pessoas continuam insatisfeitas com o resultado. Por mais lindas que sejam suas casas, elas ainda não se sentem preenchidas e completas, isto porque o status arquitetônico não preenche o vazio existencial de ninguém. A única forma disso não acontecer é quando o projeto é totalmente embasado nas questões existenciais e pessoais dos moradores, e quando as escolhas se conectam diretamente com a sua personalidade, e não apenas por ser bonito ou estar na moda.


Como Evitar este Erro?


Para que isso não aconteça, é imprescindível que seja realizado um trabalho de desconstrução das idéias pré-concebidas que o usuário possui, e tentar extrair dele o que diz a sua essência. Muitos clientes usam soluções em suas casas de que não gostam, mas foram forçados a gostar porque alguém lhes disse que aquilo era bonito ou estava na moda. Não que a estética e a contemporaneidade não sejam importantes na Arquitetura, mas se tais escolhas não forem feitas levando em consideração a personalidade, as questões existenciais dos clientes, sua cultura, sua história de vida e suas expectativas, essas soluções perdem totalmente o sentido. Por isso é muito comum as pessoas relacionarem a Arquitetura à superficialidade ou mediocridade, pois a maioria delas nunca viveu uma experiência de total conexão com o meio arquitetônico.


Este trabalho de descontrução deve ser realizado pelo arquiteto e direcionado ao cliente, onde são realizadas atividades de abstração para que as pessoas possam soltar suas mentes e abandonar os seus pré-conceitos sobre arquitetura e poder se conectar com seu verdadeiro ser. As informações então extraídas na atividade são interpretadas pelo Arquiteto e transformadas em um conceito, que traduz essa essência dos clientes nas soluções propostas, quaisquer sejam elas.


Outra forma de atingir um bom resultado é evitando a criação a partir da solução. Como diz o arquiteto holandês Ewoud Van Schaijk "é muito comum, quando as pessoas pensam em construção ou reforma, elas imediatamente pensam em soluções já prontas, como onde ficará a parede, qual o tamanho da porta", para ele, essas soluções prontas, além de limitar a criação arquitetônica, pois a plasticidade fica restrita às soluções pré-imaginadas pelo cliente, resultando em uma arquitetura sem expressão e originalidade, ela também colabora para distanciar o cliente das soluções que poderiam preencher o seu vazio existencial.


Conclusão


Para conquistarmos uma arquitetura de qualidade e significativa, é preciso reconhecer a importância desta ciência, valorizar o papel do arquiteto e abandonarmos idéias pré-concebidas sobre a arquitetura, e isto vale não só para os clientes e futuros clientes de arquitetura, mas também para os profissionais.


Por mais que as referências externas nos ajudem na tomada de decisões e nos mostrem outras possibilidades, elas nunca devem servir como ponto de partida para a criação arquitetônica, pelo contrário, elas são como uma ferramenta de visualização, para ajudar a entender como funcionam tais soluções.


Toda criação arquitetônica deve partir de dentro para fora: de dentro da pessoa do cliente, de dentro da cabeça e do coração, de dentro dos problemas a serem resolvidos, de dentro das expectativas, e não de fora para dentro, trazendo soluções prontas que deverão ser copiadas e aplicadas no projeto, como se estivéssemos 'reciclando' arquitetura. Somente assim, com soluções arquitetônicas totalmente sincronizadas com a essência dos moradores ou usuários da edificação, é que essas pessoas conseguirão se conectar com o espaço onde vivem, e sentirem-se menos sozinhas.


Está se sentindo sozinho e desconectado? Que tal transformar o seu ambiente à sua volta? Saiba como a IEZ Design pode te ajudar! Entre em contato!


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